sábado, 21 de abril de 2012

Tiradentes, o Descartável



Vídeo disponível em http://www.youtube.com/watch?v=TJWS2OcurAk

quinta-feira, 19 de abril de 2012

http://leocrash.wordpress.com/2010/04/19/19-de-abril-dia-do-indio/

O que (não) fazer no Dia do Índio

Na data em homenagem aos primeiros habitantes do Brasil, uma série de estereótipos e preconceitos costuma invadir a sala de aula. Saiba como evitá-los e confira algumas propostas de especialistas de quais conteúdos trabalhar

Ricardo Ampudia



O Dia do Índio é comemorado em 19 de abril no Brasil para lembrar a data histórica de 1940, quando se deu o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. O evento quase fracassou nos dias de abertura, mas teve sucesso no dia 19, assim que as lideranças indígenas deixaram a desconfiança e o medo de lado e apareceram para discutir seus direitos, em um encontro marcante. 
http://coordenacaodolivro.blogspot.com.br/2011/04/o-indio-de-jose-de-alencar.html

Por ocasião da data, é comum encontrar nas escolas comemorações com fantasias, crianças pintadas, música e atividades culturais. No entanto, especialistas questionam a maneira como algumas dessas práticas são conduzidas e afirmam que, além de reproduzir antigos preconceitos e estereótipos, não geram aprendizagem alguma. "O índigena trabalhado em sala de aula hoje é, muitas vezes, aquele indígena de 1500 e parece que ele só se mantém índio se permanecer daquele modo. É preciso mostrar que o índio é contemporâneo e tem os mesmos direitos que muitos de nós, 'brancos'", diz a coordenadora de Educação Indígena no Acre, Maria do Socorro de Oliveira.


Saiba o que fazer e o que não fazer no Dia do Índio:


1. Não use o Dia do Índio para mitificar a figura do indígena, com atividades que incluam vestir as crianças com cocares ou pintá-las.


Faça uma discussão sobre a cultura indígena usando fotos, vídeos, música e a vasta literatura de contos indígenas. "Ser índio não é estar nu ou pintado, não é algo que se veste. A cultura indígena faz parte da essência da pessoa. Não se deixa de ser índio por viver na sociedade contemporânea", explica a antropóloga Majoí Gongora, do Instituto Socioambiental.
http://estradasecaminhos.blogspot.com.br/2011_01_01_archive.html

2. Não reproduza preconceitos em sala de aula, mostrando o indígena como um ser à parte da sociedade ocidental, que anda nu pela mata e vive da caça de animais selvagens



Mostre aos alunos que os povos indígenas não vivem mais como em 1500. Hoje, muitos têm acesso à tecnologia, à universidade e a tudo o que a cidade proporciona. Nem por isso deixam de ser indígenas e de preservar a cultura e os costumes.
http://maramaldaun.blogspot.com.br/2011/04/aos-indios-com-quem-fomos-tao-selvagens.html



3. Não represente o índio com uma gravura de livro, ou um tupinambá do século 14



Sempre recorra a exemplos reais e explique qual é a etnia, a língua falada, o local e os costumes. Explique que o Brasil tem cerca de 230 povos indígenas, que falam cerca de 180 línguas. Cada etnia tem sua identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar. Não se prenda a uma etnia. Fale, por exemplo, dos Ashinkas, que têm ligação com o império Inca; dos povos não-contatados e dos Pankararu, que vivem na Zona Sul de São Paulo.
http://commentetrepersan.blogspot.com.br/2011_08_01_archive.html



4. Não faça do 19 de abril o único dia do índio na escola



A Lei 11.645/08 inclui a cultura indígena no currículo escolar brasileiro. Por que não incluir no planejamento de História, de Língua Portuguesa e de Geografia discussões e atividades sobre a cultura indígena, ao longo do ano todo? Procure material de referência e elabore aulas que proponham uma discussão sobre cultura indígena ou sobre elementos que a emprestou à nossa vida, seja na língua, na alimentação, na arte ou na medicina.
http://tribotupyguaracy.blogspot.com.br/2011/04/preparacao-para-o-dia-do-indio.html



5. Não tente reproduzir as casas e aldeias de maneira simplificada, com maquetes de ocas



"Oca" é uma palavra tupi, que não se aplica a outros povos. O formato de cada habitação varia de acordo com a etnia e diz respeito ao seu modo de organização social. Prefira mostrar fotos ou vídeos. 
http://muraisamodelosmoldesideias.blogspot.com.br/2011/04/artes-indigenas.html



6. Não utilize a figura do índio só para discussões sobre como o homem branco influencia suas vidas



Debata sobre o que podemos aprender com esses povos. Em relação à sustentabilidade, por exemplo, como poderíamos aprender a nos sentir parte da terra e a cuidar melhor dela, tal como fazem e valorizam as sociedades indígenas?
http://brasilnicolaci.blogspot.com.br/2010_07_11_archive.html



(As imagens não fazem parte da reportagem original.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Bullying ainda é visto como brincadeira

Pesquisa da Ufba verifica qual a concepção de bullying para professores e alunos
Por Inês Costal
costal.carol@gmail.com
http://hipnosecuritiba.com.br/?tag=bullying
Tragédias como a causada por Wellington Menezes de Oliveira, que teria sido vítima de bullying nos anos em que estudou na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo no Rio de Janeiro, trazem à tona a discussão sobre o tema nas escolas. Wellington voltou à escola na quinta-feira (7), para abrir fogo contra alunos, o que resultou na morte de 12 deles. Ex-colegas de sala do atirador disseram ao jornal O Globo que o criminoso sempre apresentou distúrbios de comportamento e era constantemente intimidado por alunos da sua turma.
Em Salvador, ações de bullying ainda são entendidas por muitos alunos e professores de escolas como uma simples brincadeira, natural do ambiente de ensino. As consequências nocivas que a prática pode causar e que afetam toda a comunidade escolar não são percebidas, até que atitudes explosivas como a do atirador de Realengo desperte atenção pelo tema.
A pesquisa, “Bullying Escolar: práticas e significações de alunos e professores de escolas públicas e particulares”, coordenada por Marilena Ristum, professora do Instituto de Psicologia da UFBA e coordenadora do grupo de pesquisa Escola e Violência busca entender as causas e os possíveis efeitos causados pelo abuso das brincadeiras em escolas públicas e particulares de Salvador.
Iniciada em 2007, o estudo da UFBA é realizado a partir de entrevistas com alunos e professores de turmas até o 6º ano. Grande parte dos entrevistados não conhece o termo bullying, nem o seu significado. De acordo com a coordenadora, aqueles que demonstram algum conhecimento sobre o fenômeno têm apenas uma ideia parcial sobre o mesmo. O bullying não ocorre somente no âmbito escolar e pode envolver pessoas de qualquer faixa etária, ainda que seja mais frequente entre jovens de 11 a 14 anos.
Para ser definida como bullying, a ação precisa ser propositalmente danosa para uma pessoa ou um grupo, repetitiva, além ocorrer uma relação desigual de poder, seja ela física ou psicológica.
Nas escolas públicas a violência física foi a forma de bullying mais apontada pelos entrevistados. Fatores familiares, como falta de limites e problemas na estrutura familiar, foram as principais causas indicadas pelos professores, seguidas de alto índice de violência nos bairros e a veiculação da violência na mídia. Nos colégios da rede privada, a violência física também foi citada como mais frequente, já a violência verbal foi avaliada como menos grave. Para os professores das escolas particulares, a principal causa desse comportamento tem origem em exemplos familiares.
A seleção das escolas participantes é realizada a partir das Coordenadorias Regionais de Ensino (CRE), nas quais a Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer – Secult, divide o município de Salvador. Das escolas de cada CRE, 10% foram contempladas através de sorteio, de forma que o estudo abarque todas as regiões da capital. No caso das escolas particulares, a seleção foi realizada a partir do mesmo princípio, com um total de 10 escolas.
A partir dos relatos, 33 exemplos de bullying praticados nas escolas foram extraídos, entre eles, colocar apelido, falar mal da família e roubar objetos, além de ações mais violentas como ferir com gilete ou faca, furar com lápis e fazer violência sexual.
http://www.cienciaecultura.ufba.br/agenciadenoticias/noticias/bullying-ainda-e-visto-como-brincadeira/

Texto disponível em: <
http://www.cienciaecultura.ufba.br/agenciadenoticias/noticias/bullying-ainda-e-visto-como-brincadeira//.




ARTIGO: papel da escola no combate à violência sexual

É importante que os educadores não se calem mais diante de suspeitas ou de confirmações de casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes


http://www.google.com.br/imgres?um=1&hl=pt-BR&biw=1024&bih=677&tbm=isch&tbnid=h-rmUpMUYhqRtM:&imgrefurl=http://anjoseguerreiros.blogspot.com/2009/08



Por: Patrícia Saboya Gomes, Senadora

Em quatro meses de trabalho intenso na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes, nós, parlamentares que integramos esta comissão, já pudemos perceber que o enfrentamento desse problema não se fez sem o engajamento de toda a sociedade. A tarefa de atacar uma violência tão desoladora precisa envolver, não só o governo e o Parlamento, mas também outros atores sociais. É nesse contexto que entra um personagem importantíssimo: a escola. 

Diretores, professores e orientadores pedagógicos devem estar de olhos bem abertos para a exploração e o abuso sexual. É fundamental que saibam, por exemplo, reconhecer sinais de maus-tratos nas crianças e nos adolescentes. E não se trata apenas de observar as marcas físicas. 

Sabemos que quando uma criança sofre esse tipo de violência, ela, de alguma maneira, ''conta'' o que aconteceu. Nem sempre com palavras, é verdade. Às vezes, apenas com gestos, comportamentos diferenciados, ou por meio de desenhos. Ninguém melhor do que os educadores, que passam longos períodos com a garotada, para perceber tais mudanças. 

Além de estar preparados para captar essas pistas, nem sempre tão óbvias, os educadores precisam estar capacitados para lidar com a criança e suas famílias. Estabelecer uma relação de confiança com a criança ou o adolescente, sem preconceitos e moralismos, é um desafio para esses profissionais. 

A escola deve e pode ser uma parceira de peso de todas as pessoas comprometidas com a luta contra a violência sexual. Ela deve e pode ajudar a romper o pacto de silêncio que ronda os crimes sexuais contra crianças e adolescentes. Sua missão é de extrema relevância, tanto na cruzada pela prevenção do problema - ajudando as crianças e suas famílias a lidarem de forma consciente com a sexualidade -, como também no combate, auxiliando quem sofre essas agressões a ter um atendimento adequado para que volte a ter uma vida saudável e feliz. 

É importante que os educadores não se calem mais diante de suspeitas ou de confirmações de casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes. Infelizmente, em muitas ocasiões, os profissionais acabam adotando uma postura silenciosa por causa das ameaças dos agressores, que se voltam não apenas contra as vítimas e seus familiares, mas contra toda a comunidade. 

A tarefa dos educadores, porém, é a de comunicar esses casos aos Conselhos Tutelares, exatamente como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. O governo federal já deu um importante passo na batalha pela conscientização das escolas no que diz respeito ao enfrentamento da violência sexual. Recentemente, lançou o Guia Escolar sobre o tema, voltado especialmente para os educadores, que será distribuído na rede pública de ensino do país. Escrito em uma linguagem clara e didática, a publicação é um instrumento valioso para professores, diretores e orientadores pedagógicos. É preciso, no entanto, que este guia chegue às mãos dos educadores de creches e pré-escolas. Uma pesquisa coordenada pela professora Eva Faleiros, da organização não-governamental (ONG) Cecria, trouxe à tona um dado estarrecedor. Em quase 70% dos casos de abuso sexual, a vítima é alguém com menos de 11 anos. 

Essa triste realidade, no entanto, tem tudo para ser transformada. Mas, para que isso aconteça, é preciso que cada setor da sociedade faça realmente a sua parte. E começar essa caminhada pela escola já, sem dúvida nenhuma, uma grande vitória. 


Patrícia Saboya Gomes é pedagoga e senadora pelo Partido Popular Socialista (PPS). É coordenadora, no Senado, da Frente Parlamentar em Defesa da Infância e da Adolescência e presidente da CPI que investiga as redes de Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes  (Fonte: No Olhar.com)

Educação versus violência

Especialistas apontam importância da educação no combate à violência

http://bisbilhotecarias.blogspot.com.br/2009_05_01_archive.html


Uma análise sócio-econômica do País nas últimas três décadas deixa evidente que a sociedade brasileira mudou de cara. Caiu a ditadura, a população foi às urnas, instituiu-se um regime democrático, cresceu a participação das mulheres no mercado de trabalho, de jovens nas universidades, a presença do Brasilÿ no cenário internacional tornou-se mais concreta. Isso tudo veio acompanhado de problemas que já existiam, mas que ficaram exacerbados: o crescimento das desigualdades sociais, de uma abissal divisão de renda, do fortalecimento do crime organizado, da criação de uma legião de excluídos sociais nas principais cidades brasileiras. O resultado é que a violência aumentou em nossa sociedade e as estatísticas crescentes de furtos, homicídios, sequestros e outros crimes mais ou menos hediondos, envolvendo indivíduos de todas as classes sociais, estão aí para comprovar.
Fica a questão: a educação pode ser remédio contra a escalada da violência e da criminalidade? A respostaÿdos especialistas entrevistados pelo Universia é clara.ÿSim, é possível, desde que haja uma transformação na linha pedagógica e no próprio processo de ensino, e que a própria educação seja utilizada não apenas como uma forma unilateral de se transmitir conhecimento, mas de formar cidadãos. Conforme os entrevistados, dar às crianças e jovens acesso contínuo à educação é um dos fatores que diminuem as estatísticas de criminalidade e reduzem a incidência (ou reincidência) de casos de violência de qualquer espécie.
Mas frisam tambémÿque ela, sozinha, não pode resolver todos os problemas. "A educação é fundamental na melhora da qualidade de vida de um indivíduo, mas não pode ser considerada um elemento redentor. Existe uma percepção errada em nossa sociedade de que, quando todo o resto falha, a escola tem de resolver. A maioria dos casos de violênciaÿdentro dasÿescolas reflete apenas um problema trazido de fora", opinou o pesquisador do Crisp/UFMG (Centro de Estudos de Criminalidade da Universidade Federal de Minas Gerais), Robson Sávio Reis Souza. Apesar de soar como afirmação óbvia, o pesquisador - que também ministra aulas de políticas públicas de educação na PUC/MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) -, frisa: "várias pesquisas apontam para coincidências entre indivíduos vulneráveis sócio e economicamente e a violência. Existe um senso comum de que pobre é violento, e isso se exacerba sobretudo com quem tem problemas de moradia, saneamento básico e educação", conta.
O psicólogo e pesquisador do Núcleo de Estudos de Violência da USP (Universidade de São Paulo), Renato Alves, concorda e vai além: "A violência está disseminada na sociedade, já é cotidiana. A escola é apenas mais um cenário. A educação, para atuar como elemento de correção, precisa estar encaixada dentro de políticas públicas estruturadas, que envolvam o acesso das pessoas à saúde, ao trabalho, à cultura, ao esporte. A educação, sozinha, não dá conta da violência", diz. Com pesquisas de campo em colégios da periferia das zonas Leste e Sul da cidade de São Paulo, com destaque para o Jardim ângela, o pesquisador da USP revelou que, em conversas com gestores, docentes e alunos, duas constatações sempre eram tiradas: ou a escola era violenta demais ou não existia nenhum indício de violência no local, apenas eventos esporádicos. · conclusão de Alves segue uma terceira via: a escola nada mais é do que o reflexo da própria comunidade onde está instalada.
Na companhia de dois colegas do Núcleo -ÿ criado em 1987 pela instituição de ensino -, ele se prepara para lançar, no próximo dia 8 de maio, o livro "Violência na Escola". "Elaboramos a obra pensando justamente em estratégias de como a educação pode conter a violência", explicou Alves. Ficamos, assim, diante de um paradoxo: se a escola é um reflexo de uma sociedade violenta e, sozinha, não tem muito como contribuir, como justificar a idéia de que a educação pode funcionar como um antídoto para isso? Para Renato Alves, da USP, é simples: "a escola, por si só, é um espaço conflitivo, de troca de experiências e culturas. Mas, também, tem de ser entendido como um espaço de socialização, e seu papel é ensinar às crianças a respeitar essas diferenças, o espaço dos outros, o que passa pela mudança nas linhas pedagógicas adotadas atualmente", conclui.
O especialista entende que o erro da maioria das instituições de ensinos é se omitir diante de pequenos conflitos, como brigas no recreio, "naturalizando" essas situações. "Está errado. O papel da escola é, desde cedo, transmitir valores, noções de cidadania e deveres para todos. ? o que lá na frente chamamos de exercício da democracia e ninguém entende. E isso passa, inclusive, pela relação professor-aluno, que é muito ruim. Em uma situação em que a qualidade dos professores e alunos não é boa, o ensino é precário e os estudantes não são ouvidos, a realidade de fora da escola se reflete lá dentro", conta.
Os reflexos existem. Pesquisa divulgada nesta semana pelo Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) feita com 684 docentes, no fim do ano passado, revela que 87% afirmaram conhecer algum caso de violência dentro de unidades escolares. Cerca de 76% dos entrevistados disseram acreditar que a principal causa dos problemas de violência residem nos conflitos entre os próprios alunos. Outros dados alarmantes referem-se ao fato de 70% dos docentes afirmarem saber sobre casos de tráfico de drogas dentro da escola e outros 74% disserem conhecer professores que já sofreram ameaças de agressão física ou até mesmo de morte.
O sociólogo Lúcio Castelo Branco, da UnB (Universidade de Brasília), lembra que a escalada da violência é resultado, também, da própria mudança de estrutura das famílias brasileiras nas últimas décadas. "A família brasileira, hoje, é um problema gravíssimo, já que um quinto delas é chefiada por mulheres. Como fazer com que elas trabalhem, cuidem da casa e eduquem os filhos?", questiona. O professor, assim, reitera a opinião da importância da escola. "Mas tem-se não apenas de se preocupar com a educação, que é a internalização de hábitos, regras e costumes que tornam o sujeito controlado, equilibrado. ? preciso oferecer instrução básica às crianças, que viria de uma perspectiva pedagógica mais criativa. Pressupõe-se, com isso, a criação de uma política nacional de superação da impunidade", comenta.




Iniciativas de sucesso
Um dos caminhos apontados para uma mudança de perspectiva de crianças e jovens passa, necessariamente, por transformações na própria linha pedagógica das escolas. "Pode-se reverter um pouco o quadro da violência trabalhando questões como cidadania e respeito, aliando um elemento auxiliar na socialização, mostrando à criança o que é direito e dever, o que é público e privado", comenta Robson Reis Souza, da UFMG. Nessa linha, vê como positivo o já bastante criticado PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), anunciado nesta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre outras ações, o plano, também chamado de PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Educação, estabelece piso de R$ 850 para os professores de escolas públicas, com ampliação gradual até 2010 aliado à capacitação técnica dos professores em pólos de formação.
Conforme o especialista, apesar de escassos, os recursos prometidos pelo governo federal permitirão a otimização da infra-estrutura física das escolas, a melhora nas merendas e, principalmente, no salário dos professores. "Cabe aos docentes, também, oferecer contrapartida aos alunos, envolver-se com a comunidade. Muitas vezes a violência nas escolas surge como reação à discriminação que parte dos próprios professores. Já às escolas cabe começar a trabalhar com o diferente e o divergente. A LDB dá autonomia para que cada instituição de ensino adote sua própria linha pedagógica, e elas deveriam utilizar isso de forma a dar uma resposta efetiva para o problema da violência, no sentido de construir uma sociedade mais pacífica e transparente, de formar cidadãos", diz.
Algumas iniciativas públicas foram enaltecidas pelos especialistas ouvidos pelo Universia. O pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Renato Alves, destaca o projeto desenvolvido pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP), em que membros da comunidade, pais ou não de alunos, tinham acesso a colégios aos finais de semana para atividades de lazer e participação em cursos. "? engraçado notar que muitas escolas do Jardim ângela nasceram assim, criadas por pessoas da própria comunidade, mas que pioraram depois que passaram para a administração pública. Mas é importante dizer que esse tipo de iniciativa, com programas estruturados, muitas vezes com sugestões dos próprios moradores, reduziram a criminalidade no entorno escolar", conta.