quinta-feira, 26 de julho de 2012

Lugar de criança é com a família!!!

As escolas integrais são uma realidade cada vez mais presente na educação brasileira, principalmente na cidade de Curitiba. O que me preocupa é o tempo de permanência destas crianças no espaço escolar. Por mais que as escolas procurem criar momentos "livres" as crianças ficam vigiadas e contidas longe de suas famílias durante 9 horas de seu dia e, aquelas que utilizam transporte escolar ainda tem este tempo ampliado para até 12 horas (pois algumas ficam cerca de 1h30m na van pela manhã e mais 1h30m no período da tarde).
Fiquei ainda mais preocupada quando, durante uma palestra da professora Maria do Carmo Brant, ouvi de uma funcionária da secretaria de educação do município, que este horário não pode ser reduzido por conta do horário de expediente dos pais das crianças. Esta fala me deixou com uma dúvida: "Qual é o foco da Educação do Município?" Minha função como professora (para a qual me preparei durante oito anos de minha vida) é atender as crianças para que os pais possam trabalhar? Se é esta a minha função nada me foi dito durante minha formação acadêmica.
Vale lembrar aqui que, a função da escola, segundo a LIBÂNEO (2004 - p. 53 e 54):

"1. Promover o desenvolvimento de capacidades cognitivas, operativas e sociais dos alunos (processos mentais, estratégias de aprendizagem, competências do pensar, pensamento crítico), por meio dos conteúdos escolares.
2. Promover as condições para o fortalecimento da subjetividade e da identidade cultural dos alunos, incluindo o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade, da imaginação.
3. Preparar para o trabalho e para a sociedade tecnológica e comunicacional(...)
4. Formar para a cidadania crítica, isto é, formar um cidadão-trabalhador capaz de interferir criticamente na realidade para transformá-la e não apenas formar para o mercado de trabalho.
5. Desenvolver a formação para valores éticos, isto é, formação de qualidades morais, traços de caráter, atitudes, convicções humanistas e humanitárias."

Portanto, não há base para que a escola seja responsável por "abrigar" as crianças enquanto seus pais trabalham. Vemos hoje que as famílias estão cada vez mais longe de suprir as necessidades, principalmente afetivas, de seus filhos pois, os mesmos chegam em casa, depois de uma jornada de 9 horas de permanência na escola, tão cansados e estressados quanto os pais que passaram o dia todo no trabalho. Está mais do que na hora de abandonar o pensamento assistencialista e olhar para as crianças com o respeito que esta fase tão importante merece.



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